sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Resoluções e uma ode à gordice natalina

Neste primeiro post do ano, trago para vocês, meus queridos, uma citação muito interessante de Jane Eyre. Acabei o livro há uns dois meses, mas havia me esquecido de compartilhar esse excerto que me é curioso, ao menos do ponto de vista gastronômico e também espiritual.

"Well had Solomon said, 'Better is a dinner of herbs where love is,  than a stalled ox and hatred therewith'" (EYRE, 1994, p. 76)

Carregando essa frase nos ombros, espero mudar minha relação com a comida no próximo ano. Eu e a comida sempre tivemos momentos de discórdia e de amor, uma relação conturbada e ambígua. Houve épocas em que me restringia muitos sabores e delícias - quando me sentia fisicamente ótima, com energia e bem disposta. Contudo, também houve épocas em que me esbanjava no prazer de comer, pouco me importando com saúde e bem estar.

No último ano, essa relação foi agravada com a descoberta da minha intolerância à lactose, com uma suposta alergia à soja (que foi negada pelos exames de sangue), uma definitiva alergia ao psyllium (não lhes contei sobre isso, desculpem), perambulações pelo vegetarianismo, retorno às carnes, empanturrações em aulas de gastronomia, descoberta de novos paladares, e momentos de mergulho no mundo lácteo (e um grande "foda-se" ao meu intestino) e conseguinte arrependimento. Ah, olvidei-me do colesterol nas alturas e do ganho de peso para completar o pacote, o laço do presente.

A conclusão que chega tardia é de que preciso me alimentar com mais consciência, sabendo o que devo limitar ou até excluir da minha dieta. Essas resoluções soam tão cristalinas quando lidas numa página da rede, tão fáceis de serem alcançadas e retidas, mas não tenho dúvidas de que tomarão boa quota de dedicação e empenho e força de vontade.

No início do ano, enchemo-nos de resoluções idealizadas, das quais sabemos que algumas são impossíveis de se alcançar. Seres esperançosos que somos, não desistimos de criar novas resoluções a cada ano passa, abandonadas sem remorsos por volta de dois meses depois. Parece estupidez, mas juro que essa não será só mais uma, essa será um novo modo de viver. Veremos no que dá esse grande falatório quando chegarmos a dezembro de 2014...

Por fim, uma despedida à gordice das festas natalinas:

Maamoul de tâmaras (com massa de semolina)
Semifreddo de pistache e framboesas com água de rosas e de flor de laranjeira com casquinha de chocolate
(Sintam a tensão)
Bûche de Noël: massa de cacau, recheio de castanhas portuguesas, cobertura de ganache, cogumelos de suspiro e terra de castanhas


Nenhum comentário:

Postar um comentário