terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pâtes et Bananes

Eis que, a cada dia de aprendizado culinário em minhas navegações pela rede, surge uma pâte nova. Comecei aos poucos, sem nem saber que era pâte a massa que preparei para a primeira receita desse blog, a Galette de Pêssegos e Frutas Vermelhas. A massa era a clássica pâte brisée, a mais básica das massas de torta, também conhecida como "massa podre" no Brasil.

E já comecei errando para não fugir às raízes do meu espírito afobado. A receita que segui recomendava "1 stick of butter" e, confiante, meti um tablete de manteiga culinária sem hesitar. Já se imagina o resultado, obviamente "1 stick of butter" americano não corresponde a um tablete de manteiga do Brasil (o primeiro contém aproximadamente 120 g, ao passo que os nossos tabletes contêm 200 g).


Torta Banoffee tamanho família...

Não foi o fim do mundo, pois, como sabem, manteiga tem a habilidade intríseca de deixar tudo melhor. Então, o exagero só a aumenta a quantidade de gordura/gostosura da receita. Nada que uma dieta vegetariana durante o resto da semana não resolva.

...com creme e doce de leite comuns
Nesses últimos meses desde o primeiro contato com a temida pâte, descobri uma infinidade de outras pâtes, que, assim como a primeira, são precisas e intolerantes em seus ingredientes e indicações de preparação. Nada de manteiga derretida ou amolecida, a manteiga tem de estar gelada e cortada em cubinhos para se atingir a massa perfeita; entre outros. Typical french cooking.

Já estava, de certa forma, familiarizada com pâte brisée, pâte sucrée, pâte sablée, pâte feuilletée, pâte feuilletée inversée e pâte à choux (não que tenha preparado todas, me entendam). Contudo, escrevendo esse post, encontrei mais tipos cujo existência desconhecia, pâte phyllo, pâte à crêpe, pâte à pizza, pâte à pain. Vixi maria...

A última da vez foi a pâte sucrée para uma Torta Banoffee sem lactose. Adivinhem? Além de acasos do destino, o espírito afobado esteve presente novamente. Deixe-me contar do início.


Já estas individuais são para intolerantes a lactose
Aproveitando a ocasião do churras dos meus colegas de tradução (além da quantidade de pessoas, pois não havia como a consumirmos sozinhos na minha casa), preparei uma receita de Torta Banoffee para o Yahoo na semana retrasada (ainda não foi ao ar, logo mais posto o link com a receita mais detalhada e a origem da torta). Com doce de leite e creme de leite fresco batido, conforme manda o figurino, e com a massa de bolachas maisena que todos conhecem.

Foi um sucesso aparentemente, mas não provei um pedacinho sequer. As lombrigas e duendes que moram no meu estômago chiaram impacientes por uma semana. Então, lá fui eu, preparar uma torta segura para mim no último domingo, quando fizemos uma caranguejada por aqui.

As bolachas maisena Tostines da Nestlé contêm lactose, so that's a no (até então não havia descoberto que as da Triunfo não têm lactose). Já sei, uma pâte sucrée resolve, é perfeita para tortinhas doces, that's a bingo! Usei a receita do "Le Cordon Bleu: sobremesas e suas técnicas", só que ficou esfarelada. Levei à geladeira de qualquer forma e, para forrar as formas individuais, tive de apertar os farelos no fundo em vez de abrir com um rolo como deveria. Mais uma vez, o sabor agradou e elas não quebraram na hora de cortar, mas não ficaram perfeitas para mim pois sabia que o processo estava errado. Agora sei que deveria ter acrescentado um pouco de água para dar ligar.

Quem sabe na próxima eu acerto uma dessas pâtes da vida...


Pâte Sucrée

200 g de farinha
100 g de manteiga sem sal
40 g de açúcar de confeiteiro
2 gemas
1/4 de colher de chá de essência de baunilha
(+ duas colheres de sopa de água gelada para dar liga?)

Misture a farinha com a manteiga gelada cortada em cubinhos com os dedos. Junte o açúcar de confeiteiro. Bata levemente as gemas com a baunilha e despeje sobre a mistura. Misture com as mãos até tudo se unir. Se sua massar estiver esfarelando, tente acrescentar algumas colheres de sopa de água gelada. Molde uma bola e leve à geladeira por meia hora. Abra com um rolo e forre suas formas de torta de fundo removível. Fure os fundos e as laterais com um garfo. Asse a 190ºC por 20 minutos ou até as bordas ficarem levemente douradas.


Torta Banoffee

1 receita de pâte sucrée acima
340 g de doce de leite (usei de soja da Soymilke*)
3-4 bananas maduras de tamanho médio cortadas em fatias
200 mL de creme de leite fresco (usei chantilly vegetal Hulala*)
3 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro
3 colheres de sopa de licor de café (usei o Káhlua*)
Chocolate meio amargo em barra

Deixe esfriar as bases das tortinhas. Recheie com doce de leite de soja. Cubra com as fatias de banana. Bata o chantilly com o açúcar até ficar fofo e aumentar de volume e adicione o licor de café. Misture bem e coloque colheradas em cima das fatias de banana. Use uma faca ou outro instrumento para raspar lascas de chocolate e jogue por cima do chantilly. Deixe as tortinhas num recipiente hermético na geladeira até servir. Rende 10 tortinhas de 8 cm de diâmetro.

Nhac

*Comentários:

Doce de leite de soja Soymilke
Não é exatamente cremoso, tem alguns grânulos e é preciso dar uma boa misturada antes de usar. O sabor agradou e não é tão doce quanto doce de leite.

Chantilly Hulala
Gostei bastante, não abaixa depois de batido como o chantilly tradicional e traz quase as mesmas quantidades de gordura saturada que o tradicional.

Licor Káhlua
Amei, está entre os meus licores favoritos a partir de agora. Não o achei forte demais quanto ao álcool e é bem adocicado, com um sabor e aroma incríveis de café. Não sobressaiu tanto quanto gostaria na torta.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sessão de fotos de produtos, alguns novos e outros queridos

Neste post, falarei sobre alguns produtos de cozinha que andei comprando, outros que já tenho há tempos e o que penso ou deixo de pensar sobre cada um deles. Só para esclarecimentos, cito diversas marcas e não tenho qualquer ligação com os fabricantes. Dou minha opinião exclusiva sobre cada um dos produtos.Estava precisando escrever sobre isso, pois as fotos desses itens e meus pensamentos já estão acumulando demais. Preciso dar vazão à pressão interna do meu cérebro, hihih.


 Óleo de coco virgem e orgânico de uma fazenda sustentável da Tailândia, Urban Tree Organics. Custou R$ 45,00, 450 mL. Acredito que vale a pena, algumas marcas brasileiras estão custando 25 reais ou mais, com cerca de 200 mL. Ainda não experimentei, estou acabando com o Copra antes (do qual gosto bastante).

Sorvete de tofu da marca Tofutti sabor chocolate! Há! Por essa, você não esperava! Estava feito louca atrás dessa belezura. Maninho trouxe de São Paulo, encontrou no Pão de Açúcar por cerca de 16 reais (ps.: hoje fui ao PdA daqui de Santos e também encontrei lá pelo mesmo preço!). Existem outros tipos de sorvete dessa marca, picolés cobertos com chocolate e sanduíches de sorvete. Além de queijos, cream cheese, sour cream, ricotta, e pizzas, ravioli e crepes prontos congelados. Pena que ainda não trouxeram todos os produtos da marca para o Brasil. Check it out!  Provei hoje e posso dizer que é uma delícia, tem uma textura boa e o sabor só difere um pouco do sorvete de chocolate tradicional. Única decepção: apesar de informar que não tem colesterol, está repleto de gordura saturada :/ 




















Açaí querido dos meus fins de semana. Sabor profundo e cremoso, adoro com frutinhas picadas e granola. Passa longe de aquelas raspadinhas sabor açaí que injetam açúcar na sua veia (aí, você pensa que o açaí te deu um super pico de energia, mas na verdade foi só um "sugar rush"). Da marca Tribal Açaí e orgânico, não me lembro o preço.

Mel silvestre e manteiga natural que ganhei da minha vó. Ela ganhou os mesmos de sua empregada, cuja família tem um sítio em Vila Velha.




Até o momento, esse Dilmah tem o posto de meu chá preto favorito. Sequer precisa de açúcar, digere muito bem e dá um acordada nos ânimos. Por sinal, preciso comprar mais, meu estoque está acabando. Acho que vou experimentar outro sabor da marca ;)

Licor de café Kahlúa, produzido no México, ainda intocado. No entanto, esse estado durará pouco, pois amanhã estou pretendendo acrescentá-lo ao chantilly de umas mini-tortinhas banoffee. Comprei no Empório La Rioja da Rua Senador Paulo Egídio, ali quase em frente ao Largo São Francisco, por incríveis (pasmem!) R$ 48,00, a garrafa de 750 mL. Mal acreditei. Em qualquer site por aí, essa garrafa não sai por menos de R$ 90.


Lá vem a ala intolerância a lactose! O que já provei desses foram o leite condensado de soja Soymilke da Olvebra (muito bom!), o creme de leite e o leite em pó natural da mesma marca. Pessoalmente, não gostei nem um pouco do leite em pó, é forte demais para consumir como substituto do leite no café, por exemplo. Ando acrescentando a algumas receitas de bolos e pães, porque tem uma alta concentração de vitaminas e minerais. Quanto ao creme de leite de soja, que não aparece na foto, novamente me decepcionei. Vem com essência de baunilha e é adocicado, ao meu estômago também não lhe caiu bem.

No futuro, trago minhas observações sobre o doce de leite Soymilke, o leite de soja Mais Vita, o creme de arroz Isola Bio e o creme de soja Naturis.

Outros leites que já provei e não estão aí:
  • Leite de espelta Isola Bio: é forte, têm bastante cheiro e gosto de trigo, mas achei uma delícia! Dura bastante na geladeira.
  • Leite integral 90% menos lactose Batavo: não funcionou para mim, continuei sofrendo com os sintomas da IL.
  • Leite de soja original sem adição de açúcar Naturis: comprei crendo que "sem adição de açúcar" significaria que não era adoçado. Ledo engano, tem algum outro adoçante que não lembro. Não é ruim, só não é o que eu procurava.


Farinha de centeio da linha Mais Vita da Yoki, que ando acrescentando a tudo que é pão. Seu aroma  muito me agradou.

Calda de agave azul da... que marca é essa afinal? Não faço ideia. Nunca havia provado agave antes e não me arrependi. Comprei num mercadinho natural no Centro por uns R$16 ou R$19, não tenho certeza. Diferentemente de mel e melado, não acrescenta sabor ao que você estiver adoçando (ponto positivo na minha opinião). Embora digam que adoça três vezes mais que açúcar, não senti isso. É estranho, pois parece que adoça, mas nunca chega ao ponto "estupidamente doce". Além de supostamente ter um índice glicêmico baixo.

Opa, não acabou a ala IL. Comprei esse chantilly Hulalá, porque descobri que não tem leite na composição! Pode parecer óbvio para muitos, mas eu nunca soube, hahah. Comprei esse em vez da Amélia Mix, pois parecia haver menos ingredientes químicos na composição. Será usado amanhã nas Banoffee Pies.



Seção Ásia. A farinha de arroz glutinoso correta! Ahá, agora sim, acertei! Comprei aqui em Santos na Oriental House. Fazia alguns anos desde a primeira vez que fui a essa loja e não me lembrava que havia tantos produtos assim. Está se equiparando às minhas lojinhas favoritas da Liberdade. Pena que seja tão pequenininha. Os pratos prontos de lá são uma delícia, btw. Não deixem de provar!

Os outros produtos vieram da Liberdade mesmo, mais especificamente da Mercearia Towa. O leite de coco está sentado na despensa há algum tempo. Pretendo separar a parte gordurosa superior e usá-la como cobertura de uns cupcakes.

Os molhos de teriyaki e de ostras da Lee Kum Kee são aquisições antigas, mas estão aí porque são uma das minhas paixões e não podem ficar de fora quando surgem pratos asiáticos por aqui.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Brownie de Tâmaras (sem glúten, açúcar, ovos ou lactose)

As sementinhas de chia dão uma crocância delicada
Já dá para ter uma ideia do que vem por aí, não? Ando sentindo compaixão pelas pessoas que sofrem de restrições alimentares como eu e agora quero criar tudo livre de tudo, deu para entender? Heheh. Livre de lactose, de açúcar, de glúten, de ovos, que mais? Só não posso dizer que esta receita de brownie se adapta ao crudivorismo, mas vou dar uma opção de modificação fácil para os crudívoros também (que, na verdade, é mais fácil do que a receita que fiz).

Esse brownie fica incrivelmente doce e o chocolate no nível exato, acompanhado do meu sorvete de coco fresco, uma tentação. Pena que não sobrou sorvete para tirar mais fotos. Vou torturá-los um pouco e deixá-los sem a receita do sorvete de coco (que leva carne, água e óleo de coco, agave, baunilha, sal e limão) até que tenha fotos para poder publicar tudo junto, receita e foto!

Até lá, o brownie de tâmaras se ocupará de distrair sua ânsia por doces!


Brownie de Tâmaras

300 g de tâmaras secas
100 g nozes chilenas
4 colheres de sopa de óleo de coco
1/2 xícara (50 g) de chocolate meio amargo em gotas (sem lactose, cheque os ingredientes do seu chocolate)

5 colheres de sopa de água (das tâmaras)
3 colheres de sopa de sementes de chia


1/4 de xícara de farinha de arroz integral
2 colheres de chá de fermento químico em pó
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio em pó
2 colheres de sopa de cacau em pó

(Opcional:)
1 colher de sopa de guaraná em pó
1 colher de sopa de leite de soja em pó
1/2 colher de café de canela
1 colher de chá de mel (ou agave)


Ponha cerca de meio litro de água para ferver e utilize a água quente para cobrir as tâmaras e as nozes em vasilhas separadas. Isso servirá para amaciar as tâmaras e facilitar o trabalho do processador e para "acordar" as nozes, deixando-as inchadas. Ou, se preferir, deixe as nozes de molho por quatro horas antes de utilizá-las. Escorra as tâmaras e as nozes . Reserve cerca de 5 colheres de sopa da água das tâmaras e adicione as sementes de chia para "gelificarem".

Em um processador, triture as nozes (quase em ponto de pasta de nozes) e adicione as tâmaras e o óleo de coco. Não há problema em deixar alguns pedacinhos maiores de tâmaras, como fiz. Derreta o chocolate meio amargo em banho-maria ou no micro-ondas e adicione ao processador. Pulse para misturar.

Fora do processador, acrescente as sementes de chia hidratadas e misture bem, você verá como a massa ficará leve como se tivesse usado ovos ;) Peneire a farinha, o fermento, o bicarbonato e o cacau e misture vigorosamente. Adicione as especiarias e complementos que preferir. Utilizei guaraná, canela, leite de soja em pó e mel. Opções interessantes ao meu ver são gengibre em pó, cardamomo, raspas de laranjas, pimenta do reino, nozes e amêndoas picadas grosseiramente, entre outros.

A massa é bem sólida e não rende muito, cerca de 12 quadradinhos no tamanho em que fatiei. Não tinha uma forma no tamanho adequado, então simplesmente espalhei numa folha de papel manteiga. Asse a 180ºC por 40 minutos.





Versão crudivore-friendly com apenas quatro ingredientes: tâmaras secas, nozes chilenas, óleo de coco e cacau em pó. Como não preparei essa versão, posso apenas dar uma ideia de como eu faria:

Crudivore-Friendly Date Brownie (só para ficar tudo em inglês, heheh)

150 g de nozes chilenas (trituradas em pasta)
300 g de tâmaras secas
4 colheres de sopa de óleo de coco
5 colheres de sopa de cacau em pó

E jogue tudo no processador querido de todo dia. Se ficar muito sólido, adicione mais nozes em pasta ou óleo de coco. Se ficar muito líquido, mais cacau. Coloque numa assadeira forrada e deixe refrigerar bem antes de cortar. C'est fini. Bisou bisou.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Gelatina de Chá Verde e Lichia com Ágar-Ágar

Uma sobremesa levinha e que realmente ajuda a alivar aquela sensação de peso depois de muitos dias de comedeira. Principalmente graças às propriedades do ágar-ágar, que é um laxante suave e ajuda a saciar a fome. Não deixem de dar uma passadinha no link!

Com framboesas então, mamãe do céu...

sábado, 19 de janeiro de 2013

Flã, pudim de leite ou crème caramel? Sei lá, pudim de tofu vegano e não se fala mais nisso

Depois de publicar minha matéria sobre um bolo-pudim sem lactose no Yahoo (cliquem aqui para conferir), percebi a necessidade de haver também uma versão vegana da parte do pudim.

Maravilhoso, experimentem! Intolerantes a lactose ou não, não vão se arrepender!
Antes de tudo, leitores do Yahoo que reclamaram nos comentários, quero esclarecer que a quantidade de lactose na manteiga é praticamente zero, devido ao seu processamento. Muitos fabricantes brasileiros afirmam que há entre 0,07g e 0,5g de lactose em suas manteigas ou que a mesma é indetectável (Sem Lactose). Vamos também deixar claro que chocolate meio amargo não deveria conter leite em pó na composição, embora muitas marcas populares usem, chequem a embalagem antes de tudo. "Chocolate meio amargo" não quer dizer que a outra metade é composta por leite. O "meio amargo" denomina a quantidade de cacau presente no chocolate, nesse caso, entre 35% e 50% do peso de chocolate. Já o amargo, entre 50% e 75% e por aí vai. Só mais um detalhe, alergia ao leite e intolerância a lactose são coisas completamente diferentes. Repito a recomendação que alguns me fizeram: pesquisem antes de tudo. Juro que não vou mais me estressar com esse tipo de comentários, pronto, acabou o momento desabafo.

Voltando, não sei se a parte mágica do bolo-pudim funcionaria perfeitamente e se as camadas também trocariam de lugar, mas ao menos os veganos poderiam prepará-las separadas. Para a parte do bolo, sabia que a manteiga poderia ser substituída por óleo vegetal comum sem maiores problemas e os ovos, omitidos ou substituídos por qualquer coisa que aumentasse esse aspecto de brownie pesado, como tâmaras, feijão preto, bananas, etc. (Esse tipo de ingredientes tão comuns em receitas vegan e na nova dieta da moda, a paleo, prometo que falarei mais sobre isso no futuro.)

Quanto ao pudim, precisamos de uma textura cremosa e sem interferência de cores e sabores fortes de frutas para engrossar a mistura. Dentre as várias receitas que pesquisei, a de flã de caramelo que encontrei no site do Peta me pareceu a mais interessante, considerando que leva tofu e eu tinha um bloco de tofu na geladeira, heheh. Que me lembre, todas que vi levavam ágar-ágar na composição, o que me parece a melhor alternativa vegana para tentar aquela uma textura "treme-treme" sem gelatina ou ovos (embora o ágar-ágar seja mais duro e "quebre" ao morder).

Ah, por sinal, descobri que sou intolerante a lactose há uns dois meses. Então, preparem-se para muitas receitas sem leite e posts sobre esse tema. E também para receitas veganas e sem glúten. Acabei descobrindo muitos pontos em comum entre essas restrições alimentares (voluntárias ou não).

Para mim, flã e pudim são nomes meio que intercambiáveis, não sei bem a diferença entre eles. Creio que o flã sempre tem um tipo de calda e o pudim pode se referir a pudins de pão, por exemplo, será isso? E quando são a base de leite, o crème caramel também entra no jogo, muito semelhante. Ê laia... Bom, para facilitar a vida, vou chamar este de pudim de tofu vegano. Incomodados que se mudem. Ou fechem a aba, vocês entenderam.


Pudim de tofu vegano

Ficou com pouco caramelo porque não derreti o que restou na forma, heheh
1/2 xícara de açúcar
2 xícaras de leite de soja (sem sabor ou aroma de baunilha, per favore)
1 colher de sopa de ágar-ágar em pó
1 xícara de tofu firme
1 e 1/2 colher de sopa de açúcar de confeiteiro
1 colher de sopa de extrato de baunilha (sou exagerada e usei duas)
1/4 de colher de café de sal

Coloque o açúcar no fundo da forma de buraco de metal e deixe caramelizar na boca do fogão em fogo médio-baixo. Com auxílio de uma luva, gire para cobrir as laterais com o caramelo. Ferva o leite de soja com o ágar-ágar em pó e reduza a temperatura, cozinhando e mexendo até que esteja tudo dissolvido por poucos minutos. No liquidificador, bata o tofu, o leite, o açúcar de confeiteiro, a baunilha e o sal. Depois que estiver bem cremoso e sem pedacinhos de queijo se soja, despeje na forma. Refrigere por 2 horas e, antes de servir, passe a faca nas laterais, esquente levemente o fundo da forma no fogão para soltar o caramelo e vire sobre um prato.
Sementinhas de baunilhas, como vos amo

Obs.:
Rende um pudim em forma de buraco pequena (usei uma de 15 cm de diâmetro bem antiga, da minha vó, não sei se ainda se encontra por aí) ou 6 pudinzinhos individuais pequenos.
Andei pensando e acho que pode ser interessante testar com leites de soja saborizados (como de morango, chocolate, banana). Só por curiosidade mesmo, porque sem dúvida ficará mais gostoso usando chocolate em barra ou em pó, por exemplo.




terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pêssegos em calda e Pêssegos Melba

Uma sobremesa deliciosa para o verão. Confira a receita para fazer seus próprios pêssegos em calda ou prepare os Pêssegos Melba com a versão industrializada.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sobre Química e Bolo Chiffon de Batata-Doce Roxa

É impressionante como um erro pode ser extremamente elucidante, salpicados esporadicamente nas nossas vidas para nos fazer aprender ou perceber como estávamos enganados e como podemos melhorar. Juro que não tive culpa alguma no erro da vez, se é que o chamaria de erro. Foi mais um acaso do destino.

Eu, toda feliz na cozinha e suja de farinha como sempre, estava preparando um bolo chiffon de batata-roxa. Havia misturado todos os ingredientes e, então, incorporei as claras em neve com açúcar à massa roxa para agirem como fermento. E aí, tudo ficou verde. Alguma reação química estrambólica aconteceu perante meus olhos e as claras começaram a esverdear. Continuei misturando com a massa roxa e, ao final, estava tudo com um tom de cinzas de vulcão. Bom, nada estava cheirando a estragado, enfiei no forno assim mesmo e arrisquei minha vida (hahah) comendo assim mesmo depois de assado - e o bolo estava delicioso btw.

Hoje, em minha aprofundada pesquisa pela rede, descobri o que causou isso. Foram dois quadradinhos da tabela de elementos químicos, Fe e S, ferro e enxofre. O ferro da gema e o enxofre da clara reagiram e formaram sulfeto de ferro, que possui uma cor azul esverdeada. O mais estranho é que isso geralmente ocorre em temperaturas altas e tudo estava em temperatura ambiente, talvez a batata e o ferro que ela contém tenham influenciado de alguma forma, ou o leite de soja, ou simplesmente o calor da cozinha?

Esse é o mesmo processo que faz com que as bordas das gemas de ovos cozidos por tempo demais fiquem acinzentadas e geralmente acontece quando os ovos já estão mais velhos e alcalinos (damn it!). Pesquisando sobre o assunto encontrei dois livros bem interessantes sobre alimentos e química, "Alquimia dos Alimentos" de vários organizadores pela Editora Senac e "On Food and Cooking: The Science and Lore of the Kitchen" de Harold McGee. O primeiro já entrou para minha listinha :D

Além de tudo, ele ainda afundou quando o tirei do forno, mas nesse aspecto fui a culpada, deveria ter deixado esfriar dentro do forno antes de retirar. No fim das contas, não foi nenhuma catástrofe e descobri que: adoro bolo de batata-doce roxa (ela tem um perfume muito excêntrico, sequer coloquei essência), esse bolo chiffon cresce bem e fica macio sem precisar de fermento químico, e que definitivamente vou assar esse bolo novamente, dessa vez com os ovos mais frescos que encontrar, é claro.

Bolo Chiffon de Batata-Doce Roxa

(A)
130 g de purê de batata-doce roxa (1 batata pequena)
4 colheres de sopa de leite de soja

(B)
4 gemas
2 colheres de sopa de açúcar (25 g)
1/4 de xícara de óleo vegetal (65 mL)
4 colheres de sopa de água

(C)
1 xícara de farinha de trigo peneirada (110 g)

(D)
5 claras geladas
3/4 de xícara de açúcar de confeiteiro (65 g)

Cozinhe a batata, deixe esfriar, corte em pedaços e triture em um processador até obter um purê como na foto. Misture com o leite e reserve. Bata todos os ingredientes de (B) com um fuê e acrescente (A) e (C), misture bem. Bata as claras em neve, acrescente o açúcar de confeiteiro aos poucos, batendo bastante até incorporar tudo. Acrescente (C) à massa delicadamente. Unte uma forma de bolo inglês de 25 cm de comprimento e polvilhe com farinha. Se desejar, acrescente pedaços de batata picados à massa e decore com sementes de gergelim. Despeje a massa na forma e asse em forno a 180º C por 40 min. Desligue o forno e deixe o bolo esfriar dentro do mesmo com a porta entreaberta inverta o bolo para não abaixar!

O purê lindo
Antes de adicionar as claras e a massa esverdear


Assado e abaixado

Acabei de descobrir que se deve inverter o bolo assim que sair do forno para não abaixar! 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Biscoitos Recheados de Figo (com massa de chia e aveia)


Sou mentalmente inquieta, meus pensamentos não sossegam um segundo. Às vezes, tenho dificuldade para pregar o olho, porque há tantas coisas interessantes para ler e aprender e descobrir e me inteirar... Quem me conhece jamais diria isso, diria: “Não conheço garota mais sossegada, você é muito calma e zen”. E eu retrucaria com toda polidez: “Imagina, não sou calma, sou normal”. Obviamente, estaria mentindo, pois normal nunca fui, sempre fui inquieta na mente. É o que é ser normal, mesmo?

Bom, tudo isso para dizer que as receitas me atormentam, são como fantasmas arrastando correntes cujos ruídos não me deixam dormir e como diabinhos e anjinhos nos lóbulos de minhas orelhas atravancados num eterno bate-boca. “Mas e se substituísse por farinha de arroz?”, “Uhm, essa massa está muito líquida”, “Em que usar aquelas amêndoas lá no fundo da despensa?”, “Dá para fazer como naquela receita do Jamie, não é?”.

Certo, certo, chega de ladainha. Tudo isso para dizer que essa receita de biscoito recheado de figo com massa de chia e aveia (Ufa! Que comprido! Heheh) foi uma das que mais repercutiu nos côncavos do meu cérebro ultimamente e que estou completamente obcecada pelo blog da criadora dessa receita. Sarah Britton é uma nutricionista e chef holística, e o seu blog é o My New Roots. Também há um quê de ayurveda e todas as receitas são vegetarianas, sem açúcar refinado e outros produtos químicos e várias sem lactose e sem glúten. Ou seja, me ganhou.


Esses biscoitinhos recheados de figo são uma versão natureba dos biscoitos Fig Newtons da marca Nabisco, que por sua vez são uma versão americanizada e industrializada dos “fig rolls” do Egito Antigo, país que até hoje é o maior produtor mundial de figo.

A minha versão infelizmente não contém o chá rooibos (conhecido como chá vermelho na África), mas ainda pretendo comprá-lo para experimentar. Substitui por chá preto Darjeeling da Dilmah, que é delicioso, o melhor chá preto que já tomei. A receita rende pouco, cerca de 15 biscoitos.

Biscoitos Recheados de Figo

Massa:
1 xícara de aveia integral prensada
¼ de xícara de açúcar demerara (a original pede açúcar de palma)
¼ de colher de chá de bicarbonato de sódio
1/8 de colher de chá de sal
1 colher de chá de canela em pó
1 colher de sopa de mel (original pede maple/ vegetarianos estritos podem substituir por melado)
1 colher de sopa de sementes de chia (servem como substitutas dos ovos em diversas preparações veganas, pois dão liga à massa)
4 colheres de sopa de chá preto forte
5 colheres de sopa de óleo de coco extravirgem
1 colher de chá de extrato de baunilha

Recheio:
1 xícara de figos secos picados
½ xícara de chá preto forte
½ fava de baunilha
2 colheres de chá de suco de limão
Uma pitada de sal

1. Prepare 1 xícara de chá preto bem forte. Leve uma xícara de chá de água ao fogo numa chaleira. Quando começar a ferver, acrescente uma colher de sopa de chá preto, ou despeje sobre dois saquinhos de chá preto. Deixe em infusão por 15 minutos e coe ou retire os saquinhos. Num pires, coloque a chia e 2 colheres de sopa do chá preto.



2. No processador, triture a aveia até obter uma farinha fina*. Acrescente o açúcar, o bicarbonato, o sal e a canela e processe para misturar. Em seguida, acrescente o mel, o óleo de coco, o extrato de baunilha, mais duas colheres de sopa de chá preto e as sementes de chia (que devem ter gelificado no líquido). Triture até a massa começar a formar uma bola. Enrole-a em plástico filme e deixe na geladeira enquanto prepara o recheio**.




3. Coloque os figos, o restante do chá preto (cerca de ¾ de xícara), o suco de limão e o sal numa panela pequena sobre fogo médio. Corte ao meio e raspe as sementes de meia fava de baunilha; adicione as sementes e a fava à panela. Cozinhe por aprox. 15 minutos mexendo de vez em quando até os figos derreterem e a mistura engrossar como uma geleia. Retire a fava, deixe esfriar um pouco e triture no processador até homogeneizar.


4. Sobre uma folha de papel manteiga ou plástico filme, abra a massa com um rolo no formato de um retângulo comprido. Divida visualmente em três tiras verticais e disponha o recheio na tira central. Dobre as tiras laterais sobre o recheio e aperte levemente para fechar. Corte em fatias e coloque sobre uma assadeira forrada com papel manteiga.


5. Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 20 minutos ou até que estejam dourados. Deixe esfriar e guarde em potes herméticos.


Esses bebezinhos só ficam crocantes assim que saem do forno, mas não ficam menos apetitosos com o passar dos dias. Contudo, como é uma receita que rende pouco, recomendo consumi-los todos em um café da tarde com a família.

*Deveria ter triturado mais a minha aveia para não despedaçar na hora de abrir a massa.
**Acho que esse passo pode ser omitido, pois em meu caso não funcionou. A massa abriu melhor em temperatura ambiente.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Focaccia de Alecrim

Havia algum tempo que estava querendo preparar uma focaccia, desde que vi o pão ilustrado numa coleção de livros de culinária italiana, isso, esses que vendem na banca junto ao jornal de domingo. Recentemente, ganhei da minha vó no amigo secreto de Natal o livro "A Arte da Comida Simples", da Alice Waters, e lá me deparo novamente com a danada da focaccia. E, dessa vez, saiu.

Acabei optando pela receita da Alice por mera preguiça de folhear os vinte livros da coleção atrás da bendita receita de focaccia da Silva Percussi. Não me arrependi, criou uma casquinha crocante e era macio por dentro. Aromático para incitar os sentidos, mas não exageradamente a ponto de não poder ser apreciado com outros sabores. De fato, é ótimo para rechear com frios e salada, porque retém a forma quando é cortado horizontalmente e não esfarela.

Por sinal, o livro da Alice é um guia excelente para iniciantes na cozinha como eu, foi exatamente por esse motivo que o preferi a mais um livro de receitas qualquer. Com explicações detalhadas de ingredientes, utensílios, itens de despensa e organização de cardápios, a restaranteur do Chez Panisse explica não somente a melhor forma de preparar sua comida, mas a importância de priorizar ingredientes frescos e sazonais de produtores locais.

Estou amando, porque encontro refletidas algumas de minhas principais crenças, como a rechaça a eletrodométiscos supérfluos; são máquinas de panquecas, de arroz, de pão, de assar frango, de derreter chocolate, de fondue, de raspadinha, pipoqueiras, fritadeiras, sorveteiras, grills...

Voltando à temática de pães, ela mencionou algo que considero absoluta verdade e me faz repetir que vale  muito mais fazer seu próprio pão caseiro do que comprar aquelas borrachas insípidas em pacotes plásticos. Ela diz que um pão caseiro é sempre gostoso, pouco importa se queimou nas pontas ou se já está ressecado, não há quem resista a um pão caseiro. Como poderia negar isso? Em um dia, essa focaccia evaporou da mesa.


Focaccia de Alecrim


2 colheres de chá de fermento biológico seco
1/2 xícara de água morna

1/4 de xícara de farinha de trigo orgânica
1/4 de xícara de farinha de centeio orgânica

1 xícara de farinha de trigo orgânica + 2 e 1/4 xícaras de farinha de trigo integral orgânica
1 colher de chá de sal
3/4 de xícara de água fria
1/4 de xícara de azeite de oliva

Azeite
Sal marinho
Folhas de alecrim fresco

Misture o fermento e a água morna, acrescente 1/4 de farinha de trigo e 1/4 de farinha de centeio e deixe descansar até borbulhar e dobrar de volume (cerca de 30 minutos). Junte o resto da mistura de farinha de trigo comum e farinha de trigo integral, o sal, a água fria e o azeite. Trabalhe em uma superfície enfarinhada até a massa ficar macia e elástica por uns 5 minutos. A massa deve ficar apenas um pouco grudenta e úmida.  

Como iniciei o preparo à noite, coloquei na geladeira neste ponto e retirei na manhã seguinte para chegar à temperatura ambiente por cerca de uma hora. Aconselho que façam isso, pois a fermentação lenta da massa na geladeira proporciona um sabor mais desenvolvido. Caso não haja tempo, simplesmente ponha em um tigela grande, cubra e deixe crescer por 2 horas. Coloque papel manteiga numa assadeira de 25 x 30 cm e unte-o generosamente com azeite. Coloque a bola de massa no centro e vá abrindo com os dedos até as laterais da forma, tentando não retirar todo o ar da massa. Faça covinhas com os dedos (essa é marca registrada da focaccia), cubra e deixe crescer novamente por 2 horas. Pré-aqueça o forno a 250º C e derrame azeite a gosto sobre a massa, para ficar retido nas covinhas, polvilhe com sal marinho e folhas de alecrim. Asse por 20 a 25 minutos e esfrie em uma grade.

Obs.:
  • Sálvia também é uma ótima opção de erva para focaccia.
  • Um azeite de qualidade é essencial para conferir perfume e untuosidade à massa.
  • A farinha de centeio traz um sabor diferente à massa, usei a Mais Vita da Yoki. Se não encontrá-la, substitua por farinha integral.
  • Quanto ao fermento, usei um comprado em padaria e devo dizer que não me arrependi quanto à qualidade ou ao preço. Fui buscando o fresco, mas tinham apenas o seco e acabei comprando de qualquer forma. Paguei 90 centavos em 60 g de um fermento importado alemão, não me lembro da marca, mas vou perguntar da próxima vez. O melhor é que ainda têm fermentos específicos para doces ou salgados. Até o momento, parece-me muito superior àqueles de supermercado. (Dou mais informações no futuro, enquanto meu levain não atinge a maturidade, hihih)
  • Primeiro post do ano, uhuu! Mas as fotos são do ano passado, viu gente...