sexta-feira, 5 de abril de 2013

Floresta Negra: essencial no repertório da Dona Maria

Essa vida de faculdade é mais difícil do que aparenta. Todos dizem: "Ah, ela está só estudando. Agora que não trabalha mais, tem tempo para tudo". É, bem que queria horas e horas sobrando num dia para se fazer exata e somente o que quisesse, aí eu escolheria o fim mais estúpido e despropositado simplesmente porque posso. Se quisesse dedicar um dia ao ato de coçar minha redonda barriga e assistir episódios daquele seriado da loja de penhores no History Channel, eu o faria.

Contudo, não me sobram essas horas, na verdade parecem mais escassas do que quando trabalhava oito horas por dia... estranha matemática. Acho que boa parte se deve ao curso que escolhi, que por ser tecnólogo, é mais corrido e puxado que os outros. Comento mais sobre ele num post que logo segue, com fotos e mais fotos do que já se preparou nas aulas práticas.

Hoje, decidi falar sobre meu aniversário que já passou há mais de um mês, que vergonha. Foi no dia 21 de fevereiro, mas a comemoração foi no dia 24, domingo. Pela primeira vez, desde que a minha memória permite, não se comprou um bolo para um aniversário nessa residência. Tínhamos o costume de encomendar tudo - bolo, docinhos, salgadinhos -, mas com uma intolerante a lactose aniversariante, a estratégia mudou um pouco. Preparei o bolo e os docinhos, encomendamos apenas os salgados (dentre os quais alguns eram de fato sem leite, valeu, Dona Ondina! heheh).

Os docinhos foram trufas saudáveis, uma oportuna descoberta culinária. À base de tâmaras e ameixas, também levam sementes de linhaça, cacau em pó, leite de soja em pó (ou leite integral em pó) e amêndoas trituradas para uma crocância opcional. Ou seja, a receita é sem lactose, sem glúten, sem açúcar refinado, sem creme de leite e sem chocolate. Com todas essas exclusões, muitos hão de pensar que é insossa e posso responder-lhes antecipadamente que não, não são insossas. São deliciosamente saborosas, macias e doces, sem ter de recorrer a ingredientes que deprimem o organismo. A receita logo mais sairá no Yahoo e, então, compartilho aqui o link com todos já está no Yahoo, acessem Trufas saudáveis: sem creme de leite, chocolate ou açúcar refinado!
Encontrei essas tâmaras do tipo Medjoul de Israel no Sacolão Hayama. Muito utilizadas no exterior, são maiores, mais claras, carnudas e úmidas do que as que costumamos comprar por aqui.

A massa perfeita para enrolar. E não vai ao fogo!
Trufinhas prontas cobertas com cacau e coco ralado.




Mas a grande estrela da noite foi o bolo. Ah, sim, agora me lembro, o bolo. Foi um bolo Floresta Negra sem lactose, é claro.

É uma daquelas figurinhas carimbadas no repertório de qualquer confeiteira, doceira ou pâtissier. Mas também deveria ser essencial no repertório da Dona Maria! Ou, só porque é dona de casa, não pode fazer "bolo chique"? Há essa diferenciação entre doces de casa (como o bolo de brigadeiro, nega maluca, pudim de leite, bolo de coco) que são feitos pela Dona Maria e que ninguém faz tão bem quanto a Dona Maria - estejam certos disso! - e os bolos de festa, aqueles que encomendamos, com mousse e trufa e chantilly e raspas de chocolate e cerejas.

Pois tenho certeza de que, se a Dona Maria se pusesse a fazer um bolo de festa, o quitute ficaria mais delicioso do que aquele que ela encomenda na loja ou com a senhora do prédio da esquina que faz doce para fora.

A minha versão do Floresta Negra (bolo clássico nomeado pela Floresta Negra do sudoeste da Alemanha) é mais rústica e deixa à mostra as camadas, um bolo "pelado". Leva creme de chantilly Hulalá em vez de creme de leite fresco e creme de soja em vez de creme de leite para o ganache. Queria ter feito com cerejas amargas e licor Kirsch como manda o protocolo, mas o orçamento e tempo limitado me restringiram.

Ordem das camadas:
  1. Massa de bolo de cacau embebida em licor de cereja
  2. Chantilly (sem lactose da Hulalá)
  3. Mistura de geleia de cereja amarga com frutas vermelhas cozidas em calda
  4. Massa de bolo de cacau embebida em licor de cereja
  5. Ganache de chocolate amargo (com creme de soja)
  6. Frutas vermelhas sortidas (cerejas, morangos, framboesas, mirtilos e amoras)

O que passo aqui é a receita da massa de cacau, pois para o resto não tenho receita e assim vocês podem adaptar e criar suas próprias versões. Essa massa não é muito seca e pode servir como base para diversos outros bolos de chocolate. Apenas não recomendo que se façam bolos de várias camadas, porque não é muito sólida e resistente a peso excessivo.


Massa de cacau

5 ovos
5 colheres de sopa de açúcar
5 colheres de sopa de farinha
250 mL de água
2 colheres de sopa de cacau em pó
1 colher de sopa de fermento em pó
2 colheres de sopa de óleo vegetal

Unte uma forma redonda de 26 cm de diâmetro e fundo removível. Separe as claras e gemas. Bata as claras em neve, adicione as gemas e o açúcar e bata até homogeneizar. Em seguida, à mão, alterne colheradas de farinha e água, mexendo com um pão-duro. Acrescente o cacau, o óleo e, por último, o fermento. Misture bem e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 30 minutos.

Mon gâteau Fôret-Noire


Esse cara essa garota sou eu, não se deixem enganar pelo aspecto nada imponente e cara de pateta



Já havia feito essa massa de bolo no aniversário da minha mãe, mas numa forma menor e com uma cobertura de creme de manteiga (ou buttercream). Também fica incrível!

Agosto/2012
Agosto/2012

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